COORDENADOR(ES):

Márcia Cabral da Silva (UERJ)
Lorenna Bolsanello de Carvalho (CAp UFRJ, UERJ)

RESUMO:

As práticas de leitura se modificam ao longo da história em função de diferentes fatores, que vão desde a mudança de mentalidades dos sujeitos até às transformações na materialidade que comporta o texto (Chartier, 2011). É possível encontrar vestígios de práticas de leitura em diversos tipos de material impresso, como em manuais de leitura, que orientam e prescrevem modos de ler a partir de determinadas perspectivas pedagógicas; narrativas memorialísticas, como as autobiografias e os diários, que registram a experiência de leitores; ou mesmo textos ficcionais, que por vezes propõem representações do sujeito-leitor de certa época. Sabe-se que, em sociedades grafocêntricas, o nível de letramento se revela aspecto condicionante para determinadas atuações sociais (Lyons, 2012), o que torna o desigual acesso à cultura escrita um elemento de exclusão. Entretanto, apesar da institucionalização da formação do leitor e dos processos de mediação de leitura frequentemente associados à escola e à figura dos professores, muitos sujeitos se relacionam com o texto escrito em outros ambientes sociais públicos e privados. Michèle Petit (2009), em sua investigação sobre jovens leitores de zonas rurais e de bairros marginalizados de cidades francesas, por exemplo, salienta o importante papel de bibliotecas públicas e de bibliotecários na mediação da leitura. A leitura literária consiste em elemento fundamental para a luta contra a segregação social. Este simpósio, além de confirmar o homem em sua humanidade pela experiência com a literatura (Candido, 2012), tem o objetivo de congregar pesquisas que evidenciem processos de mediação de leitura na escola, na casa e em diferentes espaços sociais.

PALAVRAS-CHAVE:

Mediação de leitura.Literatura. Leitor.Formação

COORDENADOR(ES):

Diana Navas (PUC-SP)
Janaina Freire de Oliveira dos Santos (PUC-SP)
Andreia de Oliveira Alencar Iguma (Instituto Educacional Travessia Literária/ PROLELI)

RESUMO:

Na literatura infantil e juvenil contemporânea, o livro-objeto tem se destacado como uma produção inovadora, indo além de sua função tradicional como suporte para o texto. Ele explora a materialidade como parte integral da narrativa, em que o formato, a textura, o design e a disposição dos elementos gráficos e textuais desempenham um papel fundamental na construção dos sentidos. Esse tipo de obra ultrapassa as fronteiras entre texto e imagem, criando uma experiência de leitura visual, tátil e interativa. A materialidade, nesse contexto, não é apenas um suporte físico, mas um elemento narrativo ativo, que participa da diegese e oferece novos significados. Assim, o design gráfico, as texturas e a forma como o livro é manipulado pelo leitor adicionam camadas de interatividade, permitindo uma imersão mais profunda na obra. Este simpósio propõe reunir pesquisas que investiguem como a materialidade do livro-objeto contribui para a construção narrativa, analisando a relação entre o visual, o textual e o tátil. Serão bem-vindos estudos sobre temas como: a arquitetura narrativa dos livros-objetos infantis e juvenis e seu diálogo com outras artes e mídias; o papel do design gráfico na construção de significados; a interatividade e o impacto sensorial do livro na experiência do leitor; e a formação de leitores críticos e reflexivos através dessas produções multimodais. O simpósio visa discutir a importância do livro-objeto na literatura infantil e juvenil contemporânea, ampliando a compreensão de suas potencialidades estéticas e pedagógicas e explorando novas formas de interação entre jovens leitores e o livro.

PALAVRAS-CHAVE:

Livro-objeto. Materialidade. Linguagens. Design. Leitor.

COORDENADOR(ES):

Thyago Madeira França (UFTM - Universidade Federal do Triângulo Mineiro)
Anabel Medeiros Azerêdo de Paula (SEEDUC-RJ)

RESUMO:

Atualmente, a literatura destinada a crianças e jovens tem sido sucessivamente alvo de cerceamento explícito ou velado, motivado não só por razões morais e religiosas, mas também por ideologias políticas e culturais. Este Grupo de Trabalho convida pesquisadores a submeterem propostas que abordem questões relacionadas à censura literária, às tentativas de interferência governamental, institucional, política, cultural e social na produção e circulação de obras literárias e aos desafios enfrentados pelos autores e editoras na contemporaneidade; de modo que nos interessa dialogar com trabalhos que promovam uma análise crítica sobre essas interdições e as suas consequências para a liberdade de expressão e o acesso ao conhecimento. Dessa forma, são bem-vindas pesquisas que investiguem: Tentativas de censura de obras literárias em escolas e bibliotecas; Ataques políticos e religiosos à literatura que aborda temas fraturantes; O papel do mercado editorial e das plataformas digitais na mediação de obras censuradas; O controle na produção literária, a autocensura e o impacto nas novas gerações de autores; O politicamente correto enquanto discurso e interferência na linguagem via 'revisão' de obras; A atuação do mediador de leitura com temas fraturantes , com o múltiplo, o polifônico e o dissenso. Com o GT, buscamos compreender e questionar a legitimidade dos discursos que alicerçam esses ataques, ao reunir para o debate pesquisadores que reconheçam a importância da formação de leitores literários na escola, bem como que defendam a liberdade literária como direito fundamental, por meio da resistência a práticas de censura e controle.

PALAVRAS-CHAVE:

Censura. Literatura Infantil e Juvenil. Resistência. Formação de leitores.

COORDENADOR(ES):

Daniela Maria Segabinazi (Universidade Federal da Paraíba UFPB)
Renata Junqueira de Souza (FCT-Unesp-Presidente Prudente UFAL-MG)
Cyntia Graziella Guizelim Simões Girotto (FFC - UNESP- MARÍLIA)

RESUMO:

A construção de sentidos entre linguagem escrita e linguagem visual nos livros ilustrados e de imagem supõe, a partir das produções contemporâneas, uma clara ruptura nos modos de ler literatura infantil. Há um redimensionamento da concepção gráfica e estético-literária dos livros para crianças, pois os leitores passam a ser os protagonistas, construtores de uma interpretação única a partir de percepções advindas do jogo de negociações entre ritmo, linha, cor, textura, cenário, perspectiva, materialidade, etc. Se há uma sintaxe das palavras, existe também uma relativa sintaxe das imagens, que exige cada vez mais uma nova maneira pensar o livro destinado à criança e sua potencialidade humanizadora que revelam a capacidade criativa e singular de vários escritores e ilustradores. Este simpósio intenta dar voz a obras excepcionais, que, em seu variado conjunto de formas, cores e sentidos significa um aporte a esta corrente de livros para crianças e suas possíveis mediações.

PALAVRAS-CHAVE:

Livro-ilustrado; Livro de imagem; Leitura literária; Crianças leitoras; Mediação literária

COORDENADOR(ES):

Tania Maria Nunes de Lima Camara (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Ana Paula Oliveira Macri Rodrigues (PPGLILP-UERJ)
Juliene Kely Zanardi (Colégio Militar do Rio de Janeiro)

RESUMO:

Frases memoráveis conduzem o pensamento a um universo especial: "A arte existe porque a vida não basta", segundo Ferreira Gullar; "a literatura é a prova de que a vida não basta", segundo Fernando Pessoa. Antonio Candido, por sua vez, assevera que a literatura tem de ser vista como um direito do ser humano. Desde quando? "Desde sempre", responde Ana Maria Machado. A formação de indivíduos críticos e conscientes do papel que desempenham na sociedade em que se encontram inseridos inicia-se na mais tenra idade, e afirma-se que passa pelo envolvimento com a produção literária visual, verbal ou verbo-visual. A escola, ainda que não seja o único, acaba por tornar-se o espaço mais frequente para essa aproximação. Assim, harmonizam-se, no presente Simpósio, estudos relacionados à leitura e à utilização de textos literários infantil e juvenil, clássicos e contemporâneos, brasileiros e estrangeiros, da Educação Básica: da Educação Infantil ao Ensino Médio. Propostas de práticas ou discussões teóricas envolvendo gêneros textuais, modos de ler, tipologia de leitores, elementos linguísticos na produção de sentido, entre outros, bem como reflexões acerca dos desafios concernentes à sala de aula e ao acesso ao livro são bem-vindas. A relação dicotômica entre o viés pedagógico e o caráter estético da LIJ não se encontra fora do escopo, do mesmo modo que a ótica de profissionais de áreas afins que dela se valem. Interessam, portanto, pesquisas concluídas ou em andamento, práticas ou planejamentos docentes que contribuam para o engrandecimento da Literatura Infantil e Juvenil, enquanto manifestação artística genuína.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura Infantil e Juvenil. Leitura. Língua Portuguesa.

COORDENADOR(ES):

Angelica de Oliveira Castilho Pereira (UERJ)
Alexandre Xavier Lima (CAp-UERJ)
Jenny Iglesias Polydoro Fernandez (SME-RJ, PPGL-UERJ)

RESUMO:

Com o propósito de dar voz a pesquisadores e autores brasileiros de Literatura Infantil e Juvenil, esse simpósio se constitui como espaço para apreciar, discutir, problematizar as relações que as produções contemporâneas nacionais constroem com a vasta e variada cultura brasileira, com obras de outros países, com representações do universo infantil e juvenil, com obras consideradas canônicas, com gêneros textuais literários, não literários e multimodais, com os espaços sociais em que as obras são objetos de leitura e de estudo, com teóricos que expõem de forma reflexiva traços e tendências da literatura infantil e juvenil do seu surgimento à atualidade, como Nelly Novaes Coelho, Marisa Lajolo e Regina Zilberman, com os leitores desse tempo, os quais encontram no contato com tais textos o mundo que conhecem e muitos outros possíveis. Referências: COELHO, Nelly Novaes (1981). A literatura infantil. São Paulo: Ática. COELHO, Nelly Novaes (1984). Panorama histórico da literatura infantil/juvenil. São Paulo: Ática. LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina (1984). Literatura infantil brasileira: história e histórias. São Paulo: Ática. ZILBERMAN, Regina (2005). Como e por que ler literatura infantil brasileira. Rio de Janeiro: Objetiva. LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina (1985). Literatura infantil brasileira: história & histórias. 2. ed. São Paulo: Ática. LAJOLO, Marisa e ZILBERMAN, Regina (1986). Um Brasil para crianças. São Paulo: Global.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura Infantil e Juvenil. Literatura Brasileira. Literatura Contemporânea.

COORDENADOR(ES):

Eveline Coelho Cardoso (UERJ)
Felipe Ribeiro Campos (UFF)
Nataniel dos Santos Gomes (UEMS)

RESUMO:

Em sua trajetória histórica, a literatura destinada a crianças e jovens e os quadrinhos compartilham a luta pela superação de uma tendência que os considera(va) uma produção artística “menor”. Conforme Oliveira (2003), as origens da LIJ entre as mais remotas narrativas orais populares reforçaram a crença em uma suposta previsibilidade técnica e no simples objetivo de divertir e nortear caminhos, sustentando o rótulo de “literatura útil e pedagógica”. Da mesma forma, as produções em quadrinhos, emergentes, sobretudo, no final do século XIX, enfrentaram a desconfiança e a censura dos críticos, sendo acusadas de “afastar crianças e jovens de leituras mais profundas” e saudáveis e chegando a ser banidas da escola (Vergueiro, 2007). As Histórias em Quadrinhos são uma forma de arte sequencial (Eisner, 1995), cuja estrutura desfruta de linguagem própria para representar seus elementos narrativos, composta por quadros, sarjetas, onomatopeias, balões, enquadramentos e interações verbo-visuais, o que lhes garante status próprio e separado da literatura. Seja como história original ou adaptação de uma obra literária, em volume único ou em série, os diversos gêneros de HQ estão presentes no cotidiano de crianças e jovens leitores, representam, por vezes, o primeiro contato com a leitura e ampliam cada vez mais seu público, motivadas pelo desdobramento em filmes e séries de animação. Nesse sentido, o presente simpósio tem a intenção de reunir pesquisadoras e pesquisadores cientes da legitimidade e do grande potencial dessas produções artísticas, focalizando suas especificidades semióticas, narrativas e discursivas sob as mais diversas perspectivas teóricas. Espera-se promover um diálogo profícuo, que faça avançarem as pesquisas e a valorização desse objeto.

PALAVRAS-CHAVE:

Histórias em quadrinhos. Público infantil e infantojuvenil. Leitura. Multimodalidade. Linguagem.

COORDENADOR(ES):

Eloisa Porto Allevato Braem (UERJ / PPLIN)
Elaine Cristina Carvalho Duarte (UERJ/UFF/Cederj)
Simone Maria Bacellar Moreira (Uerj - Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

RESUMO:

Elaine Cristina Carvalho Duarte (UERJ / CEDERJ) Eloísa Porto Allevato Braem (UERJ / PPLIN) Simone Maria Bacellar Moreira (UERJ / ProfLetras) A literatura para crianças e jovens se produz, desde suas origens mais remotas até a contemporaneidade, estabelecendo relações com outras artes, como as plásticas, as musicais, as cênicas, as cinematográficas, as novas artes digitais ou as artes urbanas, entre tantas outras. Nesse prisma, o presente simpósio se propõe a divulgar e a debater trabalhos sobre as mais variadas relações que a LIJ pode estabelecer com outras artes, seja em abordagens comparativas, críticas, teóricas, historiográficas ou em estudos sobre hábitos leitores, pesquisas sobre práticas literárias infantis/juvenis em diálogo com diferentes artes e outras perspectivas.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura infantil, Literatura iuvenil, artes

COORDENADOR(ES):

Beatriz dos Santos Feres (Universidade Federal Fluminense)
Rejane Mendes Duran Dirques Cavalcante (Colégio Pedro II, PPGL-UERJ)
André Marques da Silva (UFF- SME-RJ )

RESUMO:

Bell Hooks (2020, p. 133) demonstra como sistemas de dominação - por exemplo, o patriarcado, ou o racismo - investem em relações humanas desiguais, com um lado superior e outro, inferior. Para combater esse sistema injusto, "Todos os grandes movimentos sociais pela liberdade em nossa sociedade têm promovido uma ética amorosa" (p. 134). A virada decolonial também propõe não só a denúncia de tratamentos excludentes das minorias sociais como também a afirmação de grupos social e historicamente segregados por serem julgados injustamente como inferiores, erigindo imaginários depreciativos e nutrindo preconceitos estruturais. Este Simpósio Temático pretende, então, reunir trabalhos sobre obras direcionadas (também) a crianças e jovens que estejam centradas tematicamente no respeito à diversidade, isto é, no tratamento afirmativo de identidades constituídas fora do escopo dos estereótipos valorizados pelo grupo social hegemônico e, quase sempre, discriminadas por esse traço diferenciador. Assim, serão bem-vindas pesquisas sobre questões étnico-raciais, questões de orientação e gênero, discriminação, capacitismo e interseccionalidade nas áreas da Literatura, dos Estudos da Linguagem, das Artes Plásticas, da Psicologia, da Sociologia e afins acerca de livros que explorem direta ou indiretamente a temática da diversidade, ou que a apresentem em plano secundário em narrativas (verbais, verbo-visuais ou visuais) ou poemas, relatos de experiências e estratégias de resistência às desigualdades, revelando como a linguagem constrói realidades. Se, segundo Nikolajeva (2023, p.9), "toda a literatura é tanto uma forma de arte quanto um veículo didático, ou melhor, ideológico", este simpósio pretende congregar investigações que valorizem o fazer literário e estimulem o respeito à diversidade.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura infantil/juvenil. Ideologia. Diversidade. Identidade. Linguagem.

COORDENADOR(ES):

Lilliân Alves Borges (UFTM - Campus Uberaba / Experiência Literária)
Marisa Martins Gama-Khalil (UNEMAT, CNPq, UFU)

RESUMO:

O simpósio apresenta como proposta a reunião de trabalhos que tenham como objeto de estudo a literatura indígena brasileira contemporânea dirigida ao público infantil e juvenil. Desde a década de 1990, no mercado editorial brasileiro, houve um crescimento de publicações de autores indígenas brasileiros publicando obras literárias voltadas a crianças e jovens, e, nesse contexto, cabe aos pesquisadores da área dos estudos literários verificar as principais marcas estéticas que essa rica literatura vem apresentando. Uma dessas marcas pode ser entendida como as encantarias, que se traduzem em um espaço encantado que se espalha pela floresta habitado por seres encantados. Em muitos casos, tratam-se de histórias que, de um ponto de vista ancorado na ancestralidade, advertem poeticamente sobre a necessária consonância entre homens e natureza.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura indígena brasileira contemporânea. Literatura infantil e juvenil. Encantarias. Ancestralidade. Vozes encantadas.

COORDENADOR(ES):

Eliane Aparecida Galvão Ribeiro Ferreira (Unesp - Campus de Assis-SP)
Rosa Maria Cuba Riche (CAp/UERJ)

RESUMO:

Investigar, como a literatura infantil e juvenil brasileira contemporânea dialoga com os conflitos pela visada do olhar feminino, faz-se necessário, tendo em vista o crescimento desta produção e seu reconhecimento pela crítica. Essas obras são significativas, pois podem contribuir para a formação de um imaginário capaz de engendrar uma transformação das estruturas do leitor e promover uma ação comunicativa (PONDÉ, 2018). Tendo em vista esses pressupostos, é preciso refletir sobre a inserção das mulheres no campo literário (ZOLIN, 2005; LEAL, 2010), considerando sua escrita como exercício de resistência e gesto de transgressão. De acordo com Ramalho (2001), na análise do texto literário faz-se necessário revelar a ideologia patriarcal opressora para depois desconstruí-la e, assim, promover a emancipação do leitor. Desse modo, este simpósio objetiva fomentar a reflexão sobre obras infantis e juvenis de autoria feminina, por meio de análises que evidenciem seu valor estético e suas potencialidades na formação do leitor crítico. Para tanto, consideram-se nessas análises: a) grau de comunicabilidade com o leitor; b) dialogia com outras produções culturais; c) temáticas (universais e/ou fraturantes); c) recursos estilísticos; d) discurso ideológico; f) presença do trágico e/ou do insólito; g) diálogo com o contexto sócio-histórico e político; h) vitalidade no transcorrer da história; i) suporte textual e materialidade, entre outros. Em síntese, anseia-se combater o silenciamento (SHOWALTER, 1994) secular sobre a produção de autoria feminina, em especial, inserida no sistema infantil e juvenil (CANDIDO, 2012; EVEN-ZOHAR, 2024, p. 3).

PALAVRAS-CHAVE:

Formação do Leitor. Literatura infantil e juvenil de autoria feminina. Campo literário.

COORDENADOR(ES):

Vanessa Cianconi (UERJ)
Leonardo Nahoum (Universidade Federal Fluminense - pós-doutorando associado ao Grupo de Pesquisa ESCRITOS SUSPEITOS)

RESUMO:

A ideia de livros de gênero de massa para jovens, especialmente narrativas policiais e de ficção científica, mas também as que abraçam o sobrenatural e o insólito, emerge com a popularização dos romances durante a Revolução Industrial no século XIX e inicialmente utiliza "boys assistants" para atrair jovens leitores, posteriormente evoluindo para histórias próprias. No Brasil, particularmente a recepção da ficção policial adulta se entrelaça com sua apropriação ad usum Delphini e a consolidação da literatura infantil no início do século XX. As histórias de Sherlock Holmes, de Conan Doyle, começam a ser publicadas em folhetins por aqui em 1905, seguidas por adaptações teatrais, filmes e fascículos. Se em 1907, vemos sair da imaginação de um brasileiro uma primeira epopeia de ficção especulativa voltada a leitores mirins, As viagens maravilhosas do Dr. Alpha aos mundos dos planetas, de Oswaldo Silva, publicada na lendária revista O Tico-Tico, já em 1910 o mesmo periódico introduz ao nosso público infantil personagens como Holmes e Arsène Lupin, inicialmente como animais antropomorfizados, em histórias ilustradas. Tais publicações pioneiras culminam na série Aventuras de Cherloquinho de 1916 (antes que autores como Thales de Andrade e Monteiro Lobato se firmassem no cânone infantil!) e darão origem a uma longe tradição que atravessará as décadas até gerar seus dois corpora mais produtivos e influentes, nos anos 1970 e 1980: as coleções Mister Olho e Vaga-Lume. Buscamos comunicações que percorram estas encruzilhadas cada vez mais comuns e produtivas, tanto nas mídias tradicionais impressas quanto nas mais contemporâneas entre a narrativa para jovens e os gêneros que popularizaram a leitura entre os estratos consumidores emergentes do séc. XIX (a pequena burguesia, o público feminino, o público infantil): romances científicos, novelas de enigma, narrativas sobre fantasmas e o sobrenatural – sempre com um mesmo público-alvo: o leitor em formação.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura juvenil. Ficção Científica. Narrativas criminais. Fantasmagorias. Encruzilhadas.

COORDENADOR(ES):

Phelipe de Lima Cerdeira (Universidade do Estado do Rio de Janeiro)
Alejandra Judith Josiowicz (UERJ)
Maria Carolina Zapiola (Universidad Nacional de General Sarmiento)

RESUMO:

RESUMO: Em um dos ensaios que fazem parte de “Hacia una literatura sin adjetivos” (2003), a escritora e mediadora literária argentina María Teresa Andruetto pondera sobre o fato de que, muito além de qualquer etiqueta, o que está em xeque ao tomar a relevância de uma obra literária não é o adjetivo a ela atribuído, mas sua própria condição substantiva. Nessa perspectiva, pensar as produções contemporâneas das literaturas infantil e juvenil na América Latina pressupõe, portanto, valorizar não apenas as suas múltiplas possibilidades de construção diegéticas, mas também sua independência estética diante de qualquer expectativa didática ou pedagógica. Nesse horizonte de discussões elaboradas nas últimas décadas, este Simpósio Temático busca construir um espaço plural de diálogo e de intercâmbio crítico ao apresentar os caminhos estabelecidos na América Latina para a produção de literatura que tem as crianças e os jovens como público leitor central. Como fundamentação teórica, tomamos as contribuições de diferentes pesquisadores da área, focando-nos nas problematizações sobre as características e os desafios das literaturas infantil e juvenil (Andruetto, 2010, 2014; Lajolo, 2008; Zilberman, 2003); as construções simbólicas dos textos ficcionais (Bajour, 2023) e seu potencial de formação crítica e/ou decolonial para o público infantil e juvenil nos espaços latino-americanos (Lugones, 2008; Santos, 2023; Fleck, 2024; Castillo, 2020); o tensionamento sobre a mediação literária e a formação de novos leitores (Colomer, 2001, 2002; Soares, 2009; Devetach, 2012; Cerdeira, 2023, 2024); e, ainda, os estudos que preveem recortes interseccionais, que se perguntam sobre as clivagens de raça, gênero e idade na literatura infantil e juvenil (Josiowicz, 2023). Retomamos, também, a pergunta sobre a fronteira da literatura com narrativas transmidiáticas, como as provenientes da cultura do consumo, em forma de brinquedos, quadrinhos, programas de rádio, revistas, videogames, animações audiovisuais e diversos tipos de espaços digitais que interpelam as crianças e jovens (Martins, 2020; Josiowicz, Rommel, no prelo). Esperamos receber contribuições de pesquisadores que enunciam de diferentes campos intelectuais e que possam inserir-se em um dos eixos a seguir: i) projetos poéticos de autores e autoras latino-americanos e que possam ser lidos a partir das chaves da literatura infantil e juvenil; ii) produções contemporâneas que tomem o espaço latino-americano como disparador das diegeses; iii) pesquisas transdisciplinares que apresentem experiências entre o campo da literatura, das artes, das ciências sociais e humanas e da educação; iv) reflexões sobre as literaturas infantil e juvenil e sobre a cultura escrita na América Latina definida de modo amplo, incluindo quadrinhos, charges, revistas, textos escolares, entre outros; v) relatos de experiências sobre o processo de mediação literária e de ensino de literatura voltados ao público infantil e de adolescentes; vi) intervenções no campo das literaturas infantil e juvenil a partir das Humanidades Digitais, no campo do estudo de narrativas transmidiáticas e de tecnodiscursos que incorporem diferentes suportes e meios digitais; vii) reflexões sobre as literaturas infantil e juvenil na perspectiva da interseccionalidade, incluindo considerações sobre as desigualdades de poder em relação ao gênero, raça e decolonialidade. RESUMEN: En uno de los ensayos que forman parte de “Hacia una literatura sin adjetivos” (2003), la escritora y mediadora literaria argentina María Teresa Andruetto pone énfasis en el hecho de que, más allá de cualquier etiqueta, lo que está en jaque al tomar la relevancia de una obra literaria no es el adjetivo a la que se le atribuye, sino su propia condición sustantiva. Desde esta perspectiva, pensar las producciones contemporáneas de las literaturas infantil y juvenil en Latinoamérica presupone, por lo tanto, valorar no solo sus múltiples posibilidades de construcción diegéticas, sino también su independencia estética ante cualquier expectativa didáctica o pedagógica. En el horizonte de las discusiones llevadas a cabo las últimas dos décadas, este Simposio Temático busca construir un espacio plural de diálogo y de intercambio crítico al presentar los caminos establecidos en América Latina para la producción de literatura que tiene a los niños y a los jóvenes como público lector central. Como marco teórico, tomamos como referencias las contribuciones de distintos investigadores del área, enfocándonos en las problematizaciones sobre los rasgos y desafíos de las literaturas infantil y juvenil (Andruetto, 2010, 2014; Lajolo, 2008; Zilberman, 2003); las construcciones simbólicas de los textos ficcionales (Bajour, 2023) y su potencial de formación crítica y/o decolonial para el público infantil y juvenil en los espacios latinoamericanos (Lugones, 2008; Santos, 2023; Fleck, 2024; Castillo, 2020); el tensionamiento sobre la mediación literaria y la formación de nuevos lectores (Colomer, 2001, 2002; Soares, 2009; Devetach, 2012; Cerdeira, 2023, 2024); y, por último, los estudios que prevén recortes interseccionales, que se preguntan sobre los clivajes de raza, género y edad en la literatura infantil y juvenil (Josiowicz, 2023). Retomamos además la pregunta sobre la frontera de la literatura con narrativas transmediáticas, ya sea provenientes de la cultura de consumo, en forma de juguetes, historietas, programas de radio, revistas, videojuegos, películas y diversos tipos de espacios digitales que interpelan a los niños, niñas y jóvenes (Martins, 2020; Josiowicz, Rommel, en prensa). Se espera recibir contribuciones de investigadores que enuncian desde distintos campos intelectuales y que puedan insertarse en uno de esos ejes a continuación: i) proyectos poéticos de autores y autoras latinoamericanos y que pueden ser leídos a través de las llaves de las literaturas infantil y juvenil; ii) producciones contemporáneas que tomen el espacio latinoamericano como disparador de las diégesis; iii) investigaciones transdisciplinares que presenten experiencias entre el campo de la literatura, de las artes, de las ciencias sociales y humanas y de la educación; iv) reflexiones sobre las literaturas infantil y juvenil y sobre la cultura escrita en América Latina definida de modo amplio, incluyendo historietas, revistas, textos escolares, entre otros; v) relatos de experiencias sobre el proceso de mediación literaria y de enseñanza de literatura volcados al público de niños y de adolescentes; vi) intervenciones en el campo de las literaturas infantil y juvenil a partir de las Humanidades Digitales, en el campo del estudio de narrativas transmediáticas y de tecnodiscursos que incorporen diferentes soportes y medios digitales; reflexiones sobre las literaturas infantil y juvenil en el marco de la interseccionalidad, incluyendo consideraciones sobre desigualdades de poder en relación con género, raza y decolonialidad. *** Importante: a razón del carácter interinstitucional e internacional de este Simposio Temático, se aceptarán contribuciones de investigadores que quieran sumarse a una sección especial, que se llevará a cabo virtualmente. Las comunicaciones de investigadores que podrán asistir al evento presencialmente, en la ciudad de Río de Janeiro, Brasil, formarán parte de la sección física de este ST realizada a través de la plataforma Google Meet.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura infantil e juvenil. América Latina. Poéticas da contemporaneidade. Infâncias. Interseccionalidade. Transmidialidade.

COORDENADOR(ES):

Leila de Carvalho Mendes (UERJ)
Vanessa Soares Matos (UNIRIO)
Ivanildo Amaro de Araujo (Ivan Amaro) (PPGEDU/UNIRIO)

RESUMO:

Consideramos a literatura infantojuvenil, como toda arte, uma forma de resistência aos mecanismos totalizadores impostos pela Ideologia colonial capitalística, contribuindo para a produção de outras subjetividades, pois que rompe com o senso comum ao gerar cortes, rupturas, nos modos de pensar e permitir a experiência de outros regimes de sensibilidade. Pensando nisso, esse eixo tomará como proposta pesquisas que abordem as relações com temáticas contemporâneas que envolvam a literatura infantojuvenil, e a produção de subjetividades singulares e/ou que interseccionam as categorias de gênero, sexualidade, raça e classe, bem como outros marcadores da diferença como etarismo, etnias, imigração etc.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura infanto juvenil. Experiência. Subjetividades. Diferença.

COORDENADOR(ES):

Rita de Cássia Silva Dionísio Santos (UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MONTES CLAROS-UNIMONTES (Pesquisadora vinculada à FAPEMIG))
Maria Zilda da Cunha (Universidade de São Paulo)

RESUMO:

Se, “para saber [...] é preciso imaginar”, como diz Did-Huberman (2003, p. 76 apud FELDMAN, 2016, p. 137), imaginar o inimaginável talvez seja um modo de elaborar material artístico para crianças e jovens, nos quais habitem reverberações, que expressem o doentio mundo, como daquele que já se fez revelar em Auschwitz, e que, de outra forma, tão contemporaneamente, estamos a nos deparar em sociedades de conflitos irresolvíveis, severamente mergulhados na crueza de embates sangrentos, expondo a intensidade daquilo que a humanidade tem de bestialidade tola e ilimitada. As obras de literatura infantil e juvenil estão inseridas em contextos bastante complexos, próprios das transformações de nossas cultura e sociedade desta era pós-digital. Por certo, tratar de guerra com crianças e jovens é bastante desafiador. Entretanto, importa frisar que, no cenário contemporâneo permeado de conflitos, há, por outro lado, uma multiplicidade de recursos compositivos engendrando obras de literatura infantil e juvenil, garantindo um espaço de múltiplas linguagens, expressiva confluência de gêneros literários e diálogos potentes entre diferentes artes, tais como a pintura, a fotografia, o cinema, a música, o teatro etc. O fato é que tal orquestração de sistemas semióticos propicia ao leitor uma via lúdica – ato lúdico de ler signos, que nada escondem. Aliando-se a essas reflexões, nosso simpósio, voltado ao exame de produções literárias para crianças e jovens, propõe uma abordagem sobre a questão da guerra e, assim, acolherá propostas que reflitam sobre como a literatura e outras artes pensam e representam as guerras e as infâncias.

PALAVRAS-CHAVE:

Infâncias. Guerras. Literatura e outros sistemas semióticos.

COORDENADOR(ES):

Patrícia Aparecida Beraldo Romano (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA/GEPLIJ))
Juliana Pádua Silva Medeiros (Mackenzie/Geplij)
Eunícia Barros Barcelos Fernandes (PUC-RIO/GEPLIJ)

RESUMO:

A produção literária contemporânea impõe desafios conceituais e metodológicos não só aos pesquisadores, mas também aos criadores (escritores, ilustradores, designers e editores) e aos mediadores (professores, bibliotecários, contadores de histórias e agentes culturais) que se debruçam sobre as múltiplas linguagens das e nas composições dos livros com potencial recepção infantil ou juvenil. No mercado editorial brasileiro, por exemplo, é muito comum encontrar obras que exploram as materialidades (tipografia, cor, textura, som, movimento, formato, montagem, entre outros elementos constituintes) enquanto linguagem poética, convidando o leitor a experimentar os sentidos — tanto os depreendidos do corpo-livro quanto os aguçados no corpo-leitor — a partir de ricas experiências para além da palavra. À luz de Plaza (1982), Benjamin (2002), Moraes (2008), Carrión (2011), Liden (2011), Field (2013 e 2019), Larrosa (2015), Zumthor (2018), Navas e Junqueira (2019 e 2021), Girão (2020 e 2021), Medeiros (2022, 2023 e 2024), Chambers (2023) e tantos outros pesquisadores que embasam as reflexões interdisciplinares acerca dos processos criativos e recepcionais dos livros que brincam com as linguagens verbais, pictóricas, objetuais, corporais e até mesmo digitais, este simpósio acolhe pesquisas acadêmicas e relatos de experiência sobre: 1. o impacto da produção literária contemporânea nas noções de livro, leitura, autor, leitor e mediação; 2. a complexidade do objeto livro infantil/juvenil e a sua potência na oferta de experiências estéticas multissensoriais nas, pelas, com as múltiplas linguagens; 3. o desafio de criar, publicar, circular e mediar livros que experimentam as materialidades na condição de instâncias sígnicas; 4. o estímulo à percepção durante a criação e a recepção de obras com estrutura brincante; 5. a feitura e a análise dos jogos lúdicos nas produções literárias multissemióticas, como livros ilustrados, livros-objeto, livros-brinquedo, livros-jogo e demais obras interativas; 6. a formação de leitores por meio da experimentação das, nas, pelas, com as linguagens artístico-literária, entre outros motes que dialogam com a ementa.

PALAVRAS-CHAVE:

Materialidades. Literatura Contemporânea. Experimentações Leitoras.

COORDENADOR(ES):

Norma Sueli Rosa Lima (UERJ)
Demétrio Alves Paz (UFFS)
Flavio García (uerj)

RESUMO:

A abordagem de temáticas ecológicas para a recepção de crianças e jovens trouxe à tona narrativas sobre a crise que evidencia os descaminhos das conexões entre a humanidade e o ecossistema, tanto na perspectiva do literário, quanto no da crítica. Questões ecológicas, em sentido amplo, envolvendo, inclusive situações humanas, sempre se fizerem presentes na ficção, inclusive na literatura infantil/juvenil. Mais recentemente, com o incremento de políticas de defesa do meio ambiente, a crítica atentou para esse aspecto, e emergiram tendências de análise dessas obras. Surgiu, assim, a ecocrítica. Pode-se, portanto, afirmar que há, desde sempre, uma vasta produção ficcional cujo mundo incorpora imagens que se convencionaram chamar ecológicas e, consequentemente, críticas que dessa ficção vêm se ocupando. Este simpósio tem objetivo tanto verificar algumas dessas obras ecoficcionais no universo da literatura infantil/juvenil, quanto problematizar teorias que delas se ocupem.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura infantil. Literatura Juvenil. Ecossistema. Ecoficção.Ecocrítica.

COORDENADOR(ES):

Diógenes Buenos Aires de Carvalho (UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ)
Rayron Lennon Costa Sousa (UFMA)
Renato Gonçalves Peruzzo (Universidade Estadual de Santa Cruz)

RESUMO:

A cena literária contemporânea destinada a crianças e jovens tem presentificado, significativamente, as representações de corpos dissidentes que fogem do padrão cristão/branco/cis/hétero/patriarcal/urbano/elitista etc., o que diversifica e possibilita a professoras/es e mediadoras/es um trabalho de construção crítica e reflexiva, no bojo de ser o processo de fruição uma ação capaz de contribuir para o respeito e emancipação social. Assim, considerando que a literatura contemporânea é um território fértil e discursiva e epistemologicamente produtivo, a tematização e positivação de corpos que não se encaixam mais nos padrões hegemônicos, em diálogo com outras áreas de conhecimento como, por exemplo, a Sociologia, a Antropologia e a História, possibilita um trabalho de desconstrução de preconceitos relacionados às questões de identidade étnico-racial, de gênero e de classe, pois tanto a leitura quanto a mediação literária têm a capacidade de favorecer a (re)construção de suas/seus leitoras/es, que se veem representadas nas novas produções. Nesse contexto, tais práticas objetivam contribuir para uma formação humanizadora, fomentando a formação de agentes questionadores, de enfrentamento e de combate às discriminações que se materializam no cotidiano brasileiro. Nessa acepção, este simpósio acolherá pesquisas que se debruçam sobre narrativas infantis ou juvenis, bem como sobre releituras paródicas, protagonizadas ou que tenham personagens mulheres, negras/os, indígenas, ciganas/os, i-migrantes ou deslocadas/os, LGBTQIAPN+, pessoas em situação de rua, entre outras maiorias minorizadas, cuja construção narrativa possibilite um trabalho de positivação dessas identidades e identificações, de seus lugares de enunciação e de um processo de letramento literário e social de crianças e jovens principalmente em processo de escolarização.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura Infantil e Juvenil. Literatura Brasileira Contemporânea. Corpos Dissidentes. Mediação Literária. Humanização.

COORDENADOR(ES):

Andreia Alves Monteiro de Castro (Professora Adjunta UERJ)
Carlos Eduardo Soares da Cruz (UERJ)
Mario César Lugarinho (USP)

RESUMO:

Segundo Chartier (1990), o conceito de representação se pauta em duas realidades distintas, mas que se interpenetram. Uma diz respeito às identidades coletivas, aos ritos, aos modos que fundamentam as instituições sociais. A outra se refere à identidade do sujeito, às formas de exibição individual e à avaliação desse indivíduo pelo grupo. Ainda de acordo com o historiador, por meio da representação, fundam-se padrões, crenças e valores, muitos deles marcados pela transitoriedade, pela instabilidade, pela fluidez, mas todos relacionados a questões estéticas, morais, religiosas, filosóficas, políticas e econômicas, sustentando relações de poder, de dominação e de resistência. Se representar significa dar visibilidade ao outro, historicamente, também significou silenciar outro. Indivíduos ou grupos dominantes, legitimados por instâncias sociais, como classe, raça e gênero, desqualificavam, desautorizavam ou inviabilizavam discursos das minorias marginalizadas, sobretudo se fossem dissonantes. A literatura como instrumento de construção, de interpretação, de disseminação e de questionamento das representações dominantes, obviamente, também projetava, mantinha e subvertia identidades individuais e coletivas. Sendo assim, para analisar as dinâmicas da interação entre os diversos eixos da subordinação, o conceito de interseccionalidade, sistematizado pela feminista norte-americana Kimberlé Crenshaw, que trata especificamente da forma pela qual o racismo, o patriarcalismo, a opressão de classe e outros sistemas discriminatórios criam desigualdades básicas que estruturam as posições relativas de mulheres, raças, etnias, classes e outras. Além disso, a interseccionalidade trata da forma como ações e políticas específicas geram opressões que fluem ao longo de tais eixos, constituindo aspectos dinâmicos ou ativos da opressão. (CRENSHAW, 2002, p.177). Conforme aponta Michel Pollak (1989), é preciso considerar que as narrativas, incluindo as literárias, foram e ainda são elementos fundamental nos processos tanto de dominação como de contestação e subversão de diferentes versões e memórias, e que elas evidenciam a clivagem entre a memória oficial e dominante e “memórias subterrâneas”, marcadas pelo silêncio, pelo não dito. Deste modo, parece ser incontornável a análise da participação da literatura infantil e juvenil na manutenção, na reprodução ou no questionamento da construção identitária de projetos de nação idealizados por políticos, intelectuais e artistas, considerando os seus desdobramentos históricos e sociais e a sua permanência na atualidade. Para cartografar essas “nações imaginadas”, como conceitua Benedict Anderson (2008), é preponderante considerar o papel de livros, de revistas ou de periódicos impressos e produzidos em larga escala na criação e difusão de “comunidades imaginadas”. E a literatura infantil/juvenil sempre teve um papel primordial na formação de mentalidades. Este simpósio busca, portanto, reunir trabalhos e pesquisas de diferentes reflexões críticas e teóricas e de múltiplas áreas do conhecimento sobre as literaturas de Portugal, dos PALOP e a literatura colonial portuguesa que abordem esses temas e conceitos.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura portuguesa. Literaturas dos PALOP. Representação. Comunidades Imaginadas.

COORDENADOR(ES):

Morgana Ribeiro dos Santos (Instituto Benjamin Constant)
Marcia de Oliveira Gomes (Instituto Benjamin Constant)
João Paulo da Silva Nascimento (UERJ)

RESUMO:

Partindo da perspectiva vigotskiana de que a compensação à condição de deficiência deve ser realizada socialmente, por meio de políticas públicas que busquem superar a diversidade de barreiras, compreende-se que a acessibilidade se configura como uma das questões mais importantes da atualidade, em especial na área da Educação e no âmbito da leitura. Considerando que o direito à literatura é fundamental ao desenvolvimento humano, faz-se necessário refletir e debater o tema da inclusão, afinal a literatura é patrimônio inalienável de todos e deve ser usufruída desde os primeiros momentos da vida e continuadamente. Nesse sentido, este simpósio se propõe a convidar pesquisadores comprometidos com a discussão sobre a acessibilidade na literatura dedicada ao público infantil e juvenil com condições diversificadas, como a surdez, a deficiência visual, a surdocegueira, a deficiência intelectual, múltiplas deficiências, entre outras. Destarte, este simpósio tem interesse em pesquisas sobre obras literárias acessíveis para o público infantil e juvenil, assim como pesquisas sobre estratégias e recursos para acessibilizar obras literárias, sempre destacando o valor da Literatura, na qualidade de linguagem artística, para a formação escolar e humana de crianças e adolescentes, assim como a importância do ensino de leitura e escrita.

PALAVRAS-CHAVE:

Literatura Infantil e Juvenil. Acessibilidade. Inclusão.

COORDENADOR(ES):

Claudia Moura da Rocha (UERJ)
Jefferson Evaristo do Nascimento Silva Alves (UERJ)
Fabio André Cardoso Coelho (UFF)

RESUMO:

É inquestionável a relevância da leitura na formação do indivíduo e da sociedade, sendo a escola a principal responsável por desenvolver as habilidades de leitura desejáveis de um leitor proficiente. Além da leitura em busca de informações, a leitura por fruição de obras infantis e juvenis permite a crianças e jovens o contato prazeroso com temáticas variadas, desenvolvendo diversos aspectos sociais e afetivos. A BNCC ressalta que é preciso “garantir a formação de um leitor-fruidor, ou seja, de um sujeito que seja capaz de se implicar na leitura dos textos, de “desvendar” suas múltiplas camadas de sentido, de responder às suas demandas e de firmar pactos de leitura” (Brasil, 2018, p. 138). Ademais, com os recentes avanços tecnológicos, também se faz premente propiciar aos alunos atividades que ensejem os multiletramentos. O presente simpósio pretende, portanto, congregar trabalhos e pesquisas, de diferentes vertentes teóricas, em que a leitura em seus múltiplos aspectos e desdobramentos, como a questão do ensino, dos (multi)letramentos e da multimodalidade, da leitura literária, da formação de leitores, dentre outros, seja abordada, contribuindo para o ensino de leitura do país.

PALAVRAS-CHAVE:

Leitura. Literatura infantil/juvenil. Multiletramentos. Leitura literária.